Um quase riso é um péssimo esconderijo

 -Moço, pode me vender este balão de coração?

Com um meio riso Carolaine perguntou.

-Mais é claro! Vendo até dois se quiser.

Respondeu o homem, transbordando simpatia.

-Pois bem, então ficarei com os dois!

Brincou a moça com um segundo meio riso. E que agora fez Rodrigo perceber a doçura que tinha.

Ele deu os balões a ela, depois empurrou devagar a mão que estava lhe entregando o dinheiro, em um gesto para dizer que ‘não quero dinheiro, mais quero que fique com minha mercadoria’.

-Um rosto bonito igual ao seu, paga qualquer coisa...

Mais uma vez Carolaine sorrio, agradeceu, e foi embora. Quase foi embora.  Um puxar de braço a impediu.

-Desculpe, mais não posso te deixar ir assim sem ao menos pedir seu numero.

Rodrigo ligou no mesmo dia, horas mais tarde. Nunca haviam passado tanto tempo falando ao telefone. Uma daquelas conversas em que depois que se acaba nos perguntamos de onde saiu tanto assunto. A semana seguinte passou assim, entre um telefonema e outro, até que o moço decidiu chamá-la pra sair.

-Eu gostaria muito de te ver mais uma vez, que tal irmos em alguma lanchonete pra tomar o café da manha? Ainda é sedo e eu não comi nada... o que acha?

-Claro! irei adorar, que horas é para mim estar lá?

Depois de alguns minutos a ligação foi encerada e os dois saíram de onde estavam e foram a caminho da lanchonetezinha que ficava perto da praça, ao lado de um motel, quase na esquina.

Com o meio sorriso encantador Carolaine o cumprimentou ,foi retribuída por um sorriso inteiro. Sentaram em qualquer mesa e pediram qualquer coisa,se alimentaram, conversaram como nunca, riram como se nada mais existisse. Até serem interrompidos pelo suposto dono do motel ao lado.

-Depois passe no ‘Apple’,Carolaine ,  tenho que te fazer o pagamento deste mês. Hoje é dia 29, não?

-Do... do que você esta falando?- Ela disse, apreensiva.

-Tu sabes bem que trabalha pra mim, não se faça de tonta e passe depois lá. –finalizou o homem de terno e gravata, virou-se de costas e foi.

Rodrigo ficou pasmo, bem sabia ele que ‘Apple’ era o nome do lugar onde aquele homem insensível trabalhava, e sabia também do que se tratava. O quase riso da moça escondia tantas coisas, que ele mal sabia que uma destas tantas era a sua profissão, uma prostituta de motel barato.

7 comentários que me fazem sorrir:

Anônimo disse...

Estou gostando muito dos textos, continue compartilhando conosco!

Boa terça Lari!!!

Sr. Reticente disse...

Haverá continuação?! Estará a moça condenada à solidão porque é prostituta? Prostituta não pode namorar? Surpreenderá o moço, ao propor uma possibilidade de vida para ela?! Ou ele terá medo ou preconceito em relação ao ganha-pão da moça, abrindo mão dessa paquera?...

Kawã Galvão disse...

Moça, você escreve bem demais, comecei ler, e senti algo me puxar pra história, e quando acabou, fiquei com uma cara de quem queria mais, procurando mais, rs

Você leva jeito, continue aquele seu livro e publique, siga seu sonho.

Estou passando pra retribuir sua visita no meu blog.
Vou estar sempre por aqui agora, seu nominho já está na minha lista de blogs.
La no meu blog tem um campo novo pra receber minhas atualizações, se inscreva lá.

Beijão, bom fim de semana s2

Isabely Rodrigues disse...

Amei o texto.
Clica no meu nome pra visitar o FG. Beijos.

Vida de Garota disse...

Nossa, estou encantada com seus textos, esse é demais. Desculpe a ausencia aqui e qui estou sem tempo, mas sempre que puder estarei aqui. Parabéns, pelo texto!

{ Clique no nome " Vida de Garota " e viste o blog. }

Mathê disse...

Amei demais o seu texto, estou realmente querendo mais...
Ainda estou no começo de uma futura carreira de escritora que vou ter e queria saber a sua opinião sobre os meus textos.
(http://omundoestranhodemathe.blogspot.com.br/)

Luís Monteiro disse...

Serio, esse texto ficou muito bom Lari. Eu pensei em mil e um finais diferentes.
Em como ele saiu da mesa, o que ele disse pra ela, o que ele fez, o que sei la o que. rs!

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