A mancha de café

Meu mal humor de sempre desta vez se encontra em quatro paredes de um quarto de hotel, a espera de que alguém me traga uma xícara de café. Após 20 minutos batem na porta com uma bandeja grande, que levo para dentro me perguntando ‘porque não trouxeram uma bandeja menor?’. Coloco-a em cima da mesinha em frente a poltrona. O café preto estava bastante quente, ao contrário da temperatura ambiente. Saiam fumaçinhas, uma depois outra e mais outras e depois me pareciam infinitas. Aquele vapor todo que ia subindo, se formavam em palavras. Me apavorei um pouco. As letras não me faziam o menor sentido. Logo depois começaram a surgir imagens que consegui compará-las a alguns momentos de meu passado. Que droga de café é esse? Que droga de vapores são esses? –Abro a janela com o intuito de que tudo fosse por ela a fora ou para que depois que eu tomasse um ar gelado na cara e voltasse para dentro tudo desaparecesse. Porém quando voltei a fitar o café, surgiu a simulação de chamas e foram formando símbolos musicais, pássaros, borboletas e bailarinas, que trouxeram a xícara até mim, me levaram e envolveram a uma melodia encantadora, fazendo-me dançar, rodopiar, saltitar e depois, derrubar um pouco do líquido sem leite no tapete azul-marinho que provavelmente não me ajudariam a limpar.