Abrir corpos.
Um animal morto, uma necropsia.
Incisões que não precisam ser precisas, são feitas começando com um sistemático ritual embaixo da mandíbula. Dois cortes um de cada lado. Puxa a língua pra fora. Vai saindo esôfago, traqueia, coração, pulmão.
Se você me perguntar qual meu órgão preferido, te respondo que tenho alguns. O fígado é muito bonito, vermelho escuro, com sua bili verde que quando aperta dá pra ver o fluxo. O pulmão crepitante se pressionado, dá pra sentir minúsculas bolhas de ar estourando. E o coração, músculo forte, cheio de válvulas e compartimentos meticulosamente pensados e criados. E os dois rins, com seus glomérulos e desenhos bonitos quando aberto ao meio.
Um amor: usar bisturis e pinças, tesouras e porta agulhas. A sensação é de liberdade, conhecer o desconhecido, aprender o que poucos sabem.
O sangue escorrendo, o cheiro fétido. O pior aroma de todos os tempos é de um estômago sendo aberto.
Você já viu uma hemorragia interna? Um mar vermelho entre os órgãos. Se abrir mais o tórax, vaza.
Fragmentar o corpo, tirar pedaços dos órgãos, brincar com o pulmão, apertar a bili, divulsionar a pele e músculos.
Mas confesso que depois de toda essa brincadeira, preciso de um banho, parece que tem sangue até dentro dos ouvidos.
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